Som n’A BOINA #39: Todos os Caminhos (Antônio Marcos)

Navegar entre o romance e a reflexão, devanear entre a frustração do amor e a sociedade que cercava um cantor perdido entre seus pensamentos, apoteoses, tragédias e alegrias. E se isso tudo é pensar, não a toa, seu sobrenome é “Pensamento”.

Antônio Marcos é um sujeito que desperta certo enigma na musica brasileira. Surgido no final da Jovem Guarda, quase como um furacão, o cantor é esse tipo de poeta que não se satisfazia apenas em cantar os amores que viveu, e que o fez muito bem em seus quatro casamentos fora os “casos”. Ouvi-lo em uma entrevista é quase uma hipnose, com reflexões rebuscadas do que a vida é em seu olhar especial.

Não a toa que canções romântica do repertório se misturavam com reflexões como “Oração de Um Jovem Triste”, “Vai, Meu Irmão”, “Quem Dá Mais” e essa faixa rasgante daquele que foi seu último disco em vida: “Todos os Caminhos”, de 1988. Um som que destoa do que, de fato, é a melodia de Antônio Marcos: é enérgico, forte, agitado, frenético, convida a quem ouve para vibrar junto, sentir a mesma energia em conexão no som.

Por estar numa fase de tentativa de reerguimento em um período conturbado de sua vida, “Todos os Caminhos” fica em um plano oculto da discografia do cantor, que três anos depois do lançamento da faixa, morreria vitimado por uma crise hepática consequência do alcoolismo que o perseguia desde algum tempo. Ainda assim, outra prova do pensamento explosivo escondido dentro do cidadão de sobrenome “Pensamento” que não conformava-se em ser inquieto, no amor, na reflexão, na música.

Antônio Marcos, um mistério musical que dá gosto de ouvir, vamos conver. Dá o play ai. 🌻🌻

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