Anelore, 11

Isso já faz 20 anos, e a gente nem para pra perceber…

Era de manhã, algo assim, quando meu pai encostava o carro na garagem, aquele velho Uno 1992 que freava numa roda só.

O carro estava carregado das compras recém-feitas no Bistek da Fonte Luminosa. Afinal, a noite prometia um bom encontro de família: era o aniversário de 41 primaveras da minha mãe.

Ainda tinham compras e compras para arrumar nos armários da cozinha, mas meu pai já foi ligando a TV por aquela manhã. E quando você esperava desenhos no Globinho, lá estava Carlos Nascimento dando as últimas que tinham parado o mundo naquela manhã.

Eu tinha 11 anos, uma criança que ainda tentava decifrar o mundo a volta. Estava superando o pavor de chuva forte, nem mesmo sabia o que era o futuro mas já tinha na mente que “terrorismo” era um dos males que corroíam a humanidade. Mortes, guerras, intolerância, quem cresceu ouvindo falar da Bósnia sabia bem disso.

E a manhã correu naquele clima tenso e inocente, e só anos depois a ficha foi cair de vez para explicar o fato: o mundo não era mais o mesmo desde aquele dia em Nova York. E ainda colhemos os resultados e consequências daqueles dias nervosos, tristes, ápice da revolta dos intolerantes.

Hoje? Bem, tem um intolerante em Brasília. O mundo está longe de ser um lugar pacífico. E fazem 20 anos… 🌻🌻

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